Antes de iniciar a reflexão e a análise do jogo a que tive o privilégio de assistir no passado sábado, 

gostava de agradecer o honroso convite que o “Mais Inter-Freguesias” me endereçou. Um projeto bem 

pensado, dinâmico, estruturado e que merece, sem sombra de dúvidas, o apoio de todos.

Referindo-me ao jogo, gostava de colocar dois pontos prévios:

1.- Tinhas as expectativas altas para este jogo, mas a qualidade apresentada pela equipa do Navais e a 

vontade e querer aplicada em campo pelo Rates fez com que o desenrolar do jogo superasse, em muito, 

as expectativas prévias.

2.- Fiquei feliz por reparar que os treinadores de ambas as equipas montaram o seu sistema de jogo 

e encararam a preparação do jogo com conhecimento do adversário. Isto mostra que o Futebol Inter-

Freguesias está a evoluir e os treinadores e responsáveis das equipas são, também, os responsáveis por 

isso mesmo. Parabéns, também, aos treinadores por serem responsáveis pelo bonito espetáculo a que 

assistimos no dia 14 de Dezembro.

 

Uma primeira parte algo morna que não previa, em nada, aquela que ia ser a segunda metade do jogo. 

Embora os golos tivessem surgido apenas nos primeiros 35 minutos do jogo, a emoção, a qualidade e o 

futebol bonito estava reservado para o segundo tempo.

O Rates inaugura o marcador pelo Bruno Fernandes num lance em que o, na altura, defesa-central Vítor 

Moreira. Algum tempo depois e já com Vítor Moreira a trinco e João Rosa a central, o nº12 do Navais 

– Vítor Moreira – inicia uma jogada individual de uma forma fantástica que só termina com a bola no 

fundo da baliza. Estava rectificado o erro que ditou o primeiro golo do Rates.

Tal como referi na análise da primeira parte, a segunda parte foram os melhores 35 minutos do jogo 

com um futebol intenso e com emoção. As equipas mostraram querer a vitória e foram em busca desse 

objectivo. Por isso mesmo, abriram-se, expondo-se a possíveis contra-ataques. O Navais com a posse da 

bola, a assumir o seu jogo no meio-campo ofensivo, obrigando o Rates a baixar as linhas e a sofrer para 

aguentar o empate. No entanto, sempre que o Rates recuperava a bola, saía rápido em contra-ataque o 

que criou, muitas vezes lances de perigo. Aos 50 e aos 66 minutos o Rates não marcou porque o guarda-

redes do Navais não deixou e aos 56 foi a trave a impedir o golo da equipa da casa.

O empate ajusta-se. Embora o Rates tenha tido algumas oportunidades para fazer o segundo golo, só o 

Navais mereceria vencer este jogo caso tivesse que haver um vencedor. Foi o Navais que jogou melhor 

futebol, que teve mais posse e que acabou por dominar em maior parte do tempo de jogo. 
 

O Rates apresentou-se com uma equipa fisicamente superior ao adversário e com uma vontade enorme 

em vencer o jogo. Aliás, essa vontade e dedicação colocada em campo pelos jogadores do Rates já são, 

há muito tempo, características de todos os atletas que defendem a cor desta associação. No entanto, o 

Rates entrou algo desorganizado taticamente – o que é normal para quem não treina diariamente – com 

bastantes jogadores a cair na zona da bola dando linhas de passe curtas causando, assim, pouca largura 

no jogo. Apresentou-se algo intranquilo com a posse da bola, tentando, sempre jogar directamente 

nas referências ofensivas. Bruno Fernandes (nº.22) é um bom jogador e uma das referências da equipa 

do Rates, no entanto, estava a ser desgastado pela constante requisição que a equipa fazia da sua 

disponibilidade física. Pedro Matias fez uma excelente exibição, trazendo dinâmica ao corredor direito 

do Rates quer a defender quer a atacar.


 

Aspeto Mais: A disponibilidade e entrega de todos os atletas ao jogo;

 

Aspeto Menos: A desorganização tática.

 

O Navais apresentou-se com uma vontade explícita de vencer o jogo, mas, também, com alguma 

intranquilidade motivada pela importância classificativa do jogo. A equipa visitante possui jogadores

bastante evoluídos tecnicamente e com uma cultura tática anormal para aquilo que é normal neste 

campeonato. Rui Palela (nº.14) - o melhor jogador do Navais (e arrisco a dizer que é o melhor da 

competição) – é o expoente máximo dessa qualidade que traduz um perfume diferente ao futebol 

praticado. Tiago Furtado, Vítor Moreira e Daniel Ferreira são, também jogadores que saltaram à vista 

durante este encontro. O Navais apresentou-se com dois trincos (triângulo invertido) o que, a meu ver, 

não é vantajoso para os jogadores que a equipa possui. Inicialmente com Tiago Furtado e João Rosa e 

depois com Tiago Furtado e Vítor Moreira, este sistema tático adotado pelo treinador do Navais deixa

o seu melhor jogador e a referência de todo o processo ofensivo muito desapoiado. Os três blocos

(defesa, meio-campo e ataque) devem ser compactos e ter ligações claras entre si. Muitas vezes, o 

Rui era o único elemento a fazer a ligação do meio-campo até ao ataque. Para uma equipa que não

privilegia a construção do seu jogo no meio-campo defensivo, o triângulo invertido é desvantajoso.

É importante referir, também, que na segunda parte o guarda-redes do Navais limpou a imagem de 

intranquilidade que tinha deixado na primeira parte, fazendo duas intervenções de grau de dificuldade 

elevado, assumindo-se como um elemento importantíssimo .

 

Aspeto Mais: A qualidade de jogo;

 

Aspeto Menos: O corredor direito, principalmente, nos aspetos defensivos.

 

Melhor Jogador em campo: É complicado escolher um melhor jogador quando joga o Rui Palela. 

Por isso, não seria justo eleger alguém como melhor em campo que não fosse ele. Espero que a sua 

qualidade e o perfume que transmite quando tem a bola nos pés se traduza em muito sucesso individual 

e, consequentemente, colectivo. 

 

Arbitragem:

Um excelente jogo, sem alimentar, nem criar polémica. Teve apenas um erro durante a partida, mas 

sem influência direta no resultado final.

 

Excelente trabalho.                                ANÁLISE : PEDRO COELHO